• Formado em Medicina pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).
  • Residência de Neurocirurgia na Santa Casa de Belo Horizonte.
  • Fellow em Radiocirurgia e Neurocirurgia Funcional pela Universidade da Califórnia Los Angeles (UCLA) EUA.
  • Neurocirurgião do Corpo clínico do Hospital Sirio Libanês e Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo
  • Autor do Neurosurgery Blog
  • Autor de 4 livros
  • Colaborador na criação de 11 aplicativos médicos.
  • Editor do Canal do YouTube NeurocirurgiaBR
  • Diretor de Tecnologia de Informação da Associação Paulista de Medicina (APM) 
  • Delegado da Associação Médica Brasileira (AMB)

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Principais Complicações Clínicas na Neurocirurgia

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Pacientes neurocirúrgicos estão sujeitos a várias complicações clínicas. Estas estão diretamente relacionadas a má evolução do paciente. Algumas delas são ressaltadas neste tópico.

  • Insuficiência respiratória
  • Relacionado a piora importante do prognóstico, por aumento do dano cerebral;
  • Causa/aumenta edema cerebral e consequentemente a pressão intracraniana;
  • Atenção para falência respiratória neurogênica, decorrente de lesões do tronco cerebral, medula cervical ou nervo frênico.
  • Atelectasia pulmonar 
  • Complicação frequente de cirurgia e anestesia;
  • Piora as trocas gasosas, aumenta o esforço respiratório e risco de infecção;
  • Prevenção: assentar o paciente e fisioterapia respiratória (respiração profunda e tossir);
  • Tratamento: mobilizar secreção, recrutamento de áreas colapsadas, pressão positiva expiratória final (PEEP)
  • Aspiração
  • Alto risco em pacientes neurocirúrgicos devido a alteração do nível de consciência, disfunção bulbar ou manipulação/lesão de nervos cranianos baixos (IX, X, XII pares cranianos);
  • Avaliação fonoaudiológica é fundamental em pacientes neurocirúrgicos;
  • Pneumonite química – se o aspirado é estéril;
  • Pneumonia – se o aspirado contém patógenos – antibioticoterapia de amplo espectro;
  • Avaliar intubação traqueal se houver risco elevado de aspiração.
  • Pneumonia
  • Trauma crânioencefálico, AVC e cirurgia neurológica são preditores independentes para pneumonia nosocomial ou associada a ventilação mecânica;
  • Manter vigilância constante. Atenção para curva térmica, leucocitose, infiltrado em Rx de tórax, hipoxemia, aumento do esforço respiratório e alteração do escarro;
  • Antibiótico inicialmente de amplo espectro, depois ajustado com a cultura
  • Edema pulmonar neurogênico
  • Diagnóstico de exclusão;
  • Caracterizado pelo acúmulo rápido de exudato alveolar rico em proteína;
  • Pode ocorrer após qualquer insulto neurológico, porém mais comum após: traumatismo crânio encefálico (TCE), trauma raquimedular (TRM), hemorragia intracraniana e lesão de tronco cerebral;
  • Patogênese: aumento da permeabilidade vascular pulmonar e diminuição da complacência do ventrículo cardíaco esquerdo, decorrente de alteração simpática transitória;
  • Infiltrado bilateral no Rx de tórax;
  • Aumento do gradiente alvéolo-arterial de O2;
  • Manejo: ventilação mecânica, suporte de O2 e PEEP.
  • Embolia pulmonar
  • Risco bastante aumentado devido ao elevado grau de imobilidade dos pacientes, principalmente na presença de plegia em membros inferiores;
  • Prevenção: meias de compressão pneumática e anticoagulação profilática (ver em tópico específico);
  • Manejo: suporte respiratório e anticoagulação (ver em tópico específico).
  • Hipertensão arterial
  • Ocorre em 30 a 80% dos pacientes após craniotomia;
  • Causas comuns: dor, ansiedade, tremores, distenção vesical, depressão respiratória (hipercapnia e hipóxia);
  • Atenção para o fato de a hipertensão arterial poder ser secundária a PIC elevada;
  • Aumenta o risco de sangramento no sítio cirúrgico;
  • Pacientes neurocirúrgicos podem apresentar disfunção da autoregulação regional ou global, logo pequenos aumentos da pressão arterial (PA), podem aumentar significativamente o fluxo sanguíneo cerebral e a PIC;
  • Manejo: redução pressórica gradual para não afetar os mecanismos da autoregulação cerebral;
  • Os agentes de primeira linha são os antagonistas β-adrenérgicos (labetolol, esmolol e metaprolol);
  • Segunda linha: hidralazina, nicardipina e nitroprussiato – podem dilatar a vasculatura cerebral e aumentar a PIC, porém os riscos de hipertensão arterial não controlada e sangramento intracraniano, superam os riscos da vasodilatação induzida por drogas.
  • Hipotensão
  • Incomum após craniotomias (2 a 5%);
  • Merece atenção por poder comprometer a perfusão cerebral, com dano cerebral irreversível.
  • Causas: 

– Perda de volume: sangramento, diurese osmótica, reposição volêmica inadequada, diabetes insipidus; 

– Disfunção cardíaca: disfunção neurogênica (liberação exagerada de catecolaminas, alterando a relação de demanda e oferta de O2 para o miocárdio);

– Vasodilatação periférica exacerbada: choque neurogênico por lesão medular (bradicardia, hipotensão e baixa resistência periférica).

Referências: 

  1. Bhardwaj, Anish, Mirski, Marek A., Ulatowski, John A.; Handbook of Neurocritical Care, 1st ed, Humana Press Inc., 2004.
  2. Suarez JI, Critical Care Neurology and Neurosurgery. Totowa, NJ: Humana Press, 2004
  3. Greenberg, Mark. Handbook of Neurosurgery. 7th ed. Thieme; 2010.