Um estudo recente publicado na revista científica The Lancet Regional Health – Americas revelou uma mudança alarmante no perfil de mortalidade no Brasil. Em mais de 700 cidades, o câncer ultrapassou as doenças cardiovasculares como a principal causa de morte. Essa mudança, observada entre os anos 2000 e 2019, acende um alerta para a necessidade de reavaliar as estratégias de saúde pública no país.
Essa inversão no ranking de mortalidade é um reflexo de dois fatores principais. Primeiramente, os avanços no tratamento e prevenção de doenças cardiovasculares, como infarto e AVC, têm apresentado resultados positivos, reduzindo as taxas de mortalidade. Em contrapartida, o número de casos de câncer tem aumentado, impulsionado pelo envelhecimento da população, estilo de vida moderno com hábitos como tabagismo e sedentarismo, e maior exposição a fatores de risco ambientais.
Embora as doenças cardiovasculares ainda liderem as causas de morte no Brasil, a pesquisa indica uma transição epidemiológica em curso. O câncer, antes uma ameaça secundária, agora se destaca como um problema de saúde pública crescente, especialmente em municípios com maior renda per capita, onde o acesso a diagnóstico e tratamento tende a ser mais eficiente, impactando diretamente na sobrevida da população e, consequentemente, nas estatísticas de mortalidade.
Diante desse cenário, especialistas defendem a necessidade de investimentos em políticas públicas voltadas para a prevenção e controle do câncer. É crucial ampliar o acesso a exames de rastreamento, como mamografia e colonoscopia, fortalecer a rede de tratamento oncológico, e promover campanhas de conscientização sobre a importância da adoção de hábitos saudáveis para reduzir o risco da doença.
A mudança no perfil de mortalidade coloca em evidência a importância de adaptar as estratégias de saúde pública à nova realidade brasileira. O câncer, como principal causa de morte em diversas cidades, exige atenção e investimentos para garantir o diagnóstico precoce, tratamento adequado e qualidade de vida aos pacientes. As ações preventivas, combinadas a políticas públicas eficazes, são fundamentais para reverter esse quadro e assegurar a saúde e bem-estar da população.